sexta-feira, 4 de agosto de 2017

Edith e Anne Frank: relação mãe e filha

Edith Frank era casada com Otto Frank, com quem teve suas duas filhas: Anne e Margot Frank. Ao decorrer do diário, Anne faz relatos que apresentam a má convivência que ela e a mãe tinham, falando também de suas mágoas e tentativas de aproximação. 


Otto Frank relembra em suas memória:

"Claro que eu me preocupava com o fato de não haver uma boa relação entre a minha mulher e Anne e acredito que minha esposa sofreu mais com isso do que Anne. Na realidade, ela era uma excelente mãe, que sempre fez tudo por seus filhos. Muitas vezes se queixou de que Anne estava contra tudo o que ela fazia, mas saber que Anne confiava em mim a consolava."

Basicamente, Otto diz que sua esposa sempre tentava deixar Anne feliz, mas como a recíproca parecia não existir, a mulher se contentava em saber que a filha confiava em seu pai. 

[...]

Em 7 de novembro de 1942, Anne consta: 

"Margot estava lendo um livro com figuras lindas. A certa altura, levantou-se e subiu. Como eu não estava fazendo nada, peguei o livro e comecei a ver as figuras. Ao voltar, Margot viu em minhas mãos o seu livro. Franziu a testa, aborrecida, e quis o livro de volta. Só porque eu quis ficar vendo mais um pouquinho, Margot foi ficando cada vez mais zangada. Foi aí que mamãe entrou na história.
— Devolva o livro. Margot é que estava lendo.
Papai chegou e, sem saber de que se tratava, só de ver aquele ar infeliz na cara de Margot, desabou sobre mim:
— Queria saber como você reagiria se Margot fosse mexer em um de seus livros!"

Anne relata que sua infelicidade e intrigas com a mãe se davam, substancialmente, por acreditar que Edith gostava mais de sua irmã, Margot. 


(Ainda de 7 de novembro de 1942)

"A maneira como me tratam é variadíssima. Um dia Anne é tão sensata que permitem que saiba de tudo; no dia seguinte, ouço dizer que Anne não passa de uma cabritinha estouvada que não sabe nada e pensa que aprendeu maravilhas nos livros. Não sou mais nenhum bebê ou criancinha mimada, para que riam do que eu digo ou penso. Tenho meus próprios pontos de vista, planos, e ideias, embora ainda não consiga expressá-los em palavras. Oh, quanta coisa ferve dentro de mim, enquanto fico deitada na cama, tendo de aturar gente que não suporto e que sempre interpreta mal minhas intenções."

As pessoas no anexo costumavam tratar Anne com certa bipolaridade, já que um dia a tratavam como um bebê, uma criança privada de tudo; e, em outro, como uma garota madura o suficiente para ter conhecimento sobre certos assuntos. 

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