quinta-feira, 27 de julho de 2017

Nanette Konig - uma sobrevivente ao holocausto

Em maio de 2017 tive o prestígio de ouvir relatos de uma sobrevivente do holocausto: Nanette Konig! É fascinante e inacreditável a maneira como tudo aconteceu e ouvir a história ao ver de alguém que esteve lá e sofreu por ser quem era, torna a situação ainda mais inverossímil. 

Nanette Blitz Konig
atualmente.

Nanette Blitz Konig nasceu em 6 de abril de 1929 (atualmente com 88 anos) em Amsterdã, Holanda. Seu pai se chamava Martijn Willem Blitz e trabalhava no Banco de Amsterdã; e sua mãe era Helene Victoria Davids. Ela teve dois irmãos: Bernard Martijn, o mais velho, nascido em 1927, e Willem, o mais novo, nascido em 1932*.
Nanette na adolescência.
Em 1941, Nanette e Anne começam a estudara na mesma classe, no Liceu Judaico, pois a partir desse ano, os judeus tinham que frequentar uma escola diferente de pessoas com outras religiões. 
Em 1943, os soldados alemães bateram na porta de sua família, que apesar de ter origem judaica, não era muito religiosa. Sabiam que seriam levados até um campo, entretanto não tinham conhecimento se seria de extermínio ou trabalho forçado. Na época, Nanette tinha 14 anos e até hoje não sabe dizer como sobreviveu ao campo de Bergen-Belsen, Alemanha.
Em janeiro de 1945, Nanette e Anne se reencontraram através de uma cerca de arame farpado que separava os dois campos em que estavam. Porém, um mês depois, a cerca foi removida e Nanette foi ao encontro da amiga que estava nua, enrolada em um cobertor, repleta de piolhos; um corpo magro próximo de seu fim. Elas ficaram juntas, dando apoio uma a outra, para assim tentar amenizar a situação. 
Livro dos relatos de Nanette.

Como foi uma das últimas pessoas a estarem com Anne Frank e ter memórias vívidas dos acontecimentos, Nanette se tornou personagem do livro Lá Fora, A Guerra: O Mundo de Anne Frank. Além disso, escreveu um livro, com ajuda de uma escritora, chamado Eu Sobrevivi ao Holocausto, que tem como subtítulo "O comovente relato de uma das últimas amigas vivas de Anne Frank".



* Willen morreu em 1936.



Alguns dados (fornecidos por Nanette Konig em sua palestra, a qual eu presenciei)


  • Nem todas as vítimas do holocausto eram judeus. 
  • Cerca de 19 países tinham judeus como habitantes ou refugiados.
  •  Nanette frequentou uma escola pública muito boa, onde aprendeu 4 línguas.
  • Cerca de 11, 43% dos judeus conseguiram sobreviver e Nanette conta que quando os ingleses liberaram o campo de Bergen-Belsen, ninguém queria ajudá-la por medo, entretanto, pediu para um oficial escrever para sua família avisando que seria libertada e esse o fez. 
  • No caminho percorrido no campo de concentração havia cachorros treinados para 
    Campo de Bergen-Belsen
    atacar e matar, dos quais até os próprios soldados tinham medo. 
  • Muitos foram aqueles que morreram de fome, pois ninguém comia o que era oferecido por medo de estar estragado e levar a morte. 
  • Em 4 de dezembro de 1947 o pai de Nanette morreu após levar um tiro de um guarda para protegê-la. Na época ele tinha 47 anos. 
  • Sua mãe trabalhou em uma mina muito abaixo do subsolo do campo de Bergen-Belsen, pegando peças para a fabricação de aviões. Ela se comunicava com os filhos em inglês.
  • Nanette teve uma sequência de três doenças e um total de seis queimaduras nas pernas enquanto esteve no campo. Quando foi liberada, no fim de 1948, ficou sob os cuidados de sua família materna, em Londres, até que em 1949, acabou se mudando definitivamente para lá.
  • Nanette casou-se em agosto de 1953 com John Konig. Atualmente eles vivem no Brasil,
    Nanette e John Konig quando
    se casaram.
    na cidade de São Paulo, onde ela fez faculdade na PUC, se formando em 1986, e depois um cursinho de inglês-português.
  • Nanette diz que o povo que esquece de sua história está destinado a ser perdido e por isso, ela nunca perdeu a esperança.




Nanette e John Konig
atualmente.





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